Passeio todos os dias pelo jardim dos bancos desconfortáveis.
Bancos que me fazem doer as costas.
Bancos onde me sento a ler, das 16:00 às 19:00.
Bancos onde me sento. Só.
Só, mas com os bancos desconfortáveis.
Bancos com assento e costas de madeira,
mas com pernas de metal!
Dos bancos vejo gente que passa.
Gente que corre e gente que anda, ás vezes gente que coxeia.
Um ou dois passam de bicicleta.
Eu fico a ler. Jordan, Martin ou Zusak.
Leio e olho, mas não vejo.
Não vejo quem passa, olho e vejo passar.
Estou só, mas com os bancos.
Bancos que me fazem sentir só.
Bancos que me relembram que tenho de endireitar as costas.
Bancos que me ouvem suspirar de solidão.
Mas eles fazem-me companhia:
Uma companhia muda, mas é sempre uma companhia!
As horas passam e o desconforto passa com elas.
Dou por mim todo torto, marreco até,
a ouvir alguém a cantar.
Mando uma mensagem a quem canta sem estar lá.
Espero pela resposta. Ela chega e eu leio.
Respondo, outras vezes deixo estar.
Continuo a ler, a ouvir quem canta e na companhia dos bancos.
Estou no jardim.
Só, mas com os bancos.
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Só, com os bancos, com quem canta, e com quem te lê.
Por vezes também se sente só, quem te lê.
Por vezes na multidão também nos sentimos sós, não é só nos jardins.
Melhor só num banco, a ouvir quem canta, a ler e a saber que há quem nos lê.
... endireita as costas!
Achei o poema muito fôfo =D
Mas sabes o que te digo, mais vale só que mal acompanhado. É o que penso quando estou sozinha, e o facto é que acabo por nunca estar só, tal como tu. Os bancos faziam-te companhia, assim como os livros.
Quando não se tem ninguém humano, de carne e osso, são óptimos acompanhantes, e por vezes quando se tem, conseguem ser melhores que o "humano".
Enviar um comentário