domingo, 7 de dezembro de 2008

Autobiografia (Parte II).

O meu primeiro ano no Colégio de Campos foi um ano importante do ponto de vista da amizade: Tive o meu primeiro “melhor amigo”. Chamava-se Luís e estava no 5ºB. Não me recordo de como nos conhecemos, mas recordo-me das conversas, das aquisições em massa de Chupa-chupas Pokémon no bar da escola, das voltas à escola, dos pães que ele me dava (nunca comia o lanche, portanto oferecia-me a sandes todos os dias) e no ano seguinte, as discussões sobre livros!
Nesse ano, as vezes que eu andava à porrada diminuíram substancialmente, visto que só um dos rapazes da minha turma do 4º Ano foi para o Colégio.
No ano lectivo seguinte (2000/2001), já no 6ºAno foi quando recebi o meu primeiro livro de literatura fantástica! Presente de aniversário do meu pai que tinha vindo de Lisboa para passar o fim-de-semana do meu aniversário comigo. O livro era, nem mais nem menos que “Harry Potter e a Pedra Filosofal”. Foi então que descobri o mundo de que precisava desesperadamente, o mundo da magia, do fantástico, do improvável e até do impossível! Foi aí que ganhei acesso àquilo que nos anos vindouros se tornou um dos “escapes” à realidade dolorosa em que vivia. Consegui pôr o Luís a ler esse livro depois de uma breve introdução à história (também foi aqui que spoilei alguém pela primeira vez e, confesso que lhe tomei o gostinho num instante…).
Infelizmente o 6ºAno também foi o ano em que o Luís se foi embora. Perdi o meu “melhor amigo” devido a uma mudança de residência: O Luís foi viver para Lisboa. Só o voltei a ver passados 6 anos, mas isso é matéria para daqui a 6 anos, ainda vamos em 2001!
Depois da partida do Luís senti pela primeira vez o quão horrível é a solidão. O facto de eu ser, em quase todos os aspectos, diferente do resto dos meus colegas de turma afastava qualquer hipótese de me tornar amigo de alguém. Ou pelo menos era isso que eu pensava…
Estava no 7ºAno (2001/2002) quando me comecei a dar bem com o Tomé (o único rapaz da escola primária de Campos que tinha ido comigo para o Colégio de Campos e com quem tinha andado bastantes vezes à porrada), o Chico e o Azeites. Eles eram bastante diferentes de mim, mas havia três coisas que todos tínhamos em comum, sendo duas delas: A vontade de nada fazer e o gosto pelos videojogos; em relação às diferenças, penso que eles faziam de conta que estas não existiam. Mas uma coisa continuava a ser dolorosamente real, a ausência de alguém com quem falar. Continuava a sentir-me só e a única fonte de alívio que possuía eram os livros. Foi durante as férias da Páscoa do ano de 2002 que descobri num jornal do Expresso A Manopla de Karasthan de Filipe Faria, livro que dias depois pedi ao meu pai para comprar numa livraria da Bertrand. Os livros do Filipe Faria foram, durante muitos anos, uma espécie de expoente máximo da literatura para mim. Comparava tudo o resto com as Crónicas de Allaryia do Filipe Faria e na minha cabeça nada o conseguia superar. Ganhei juízo 6 anos depois...

[To be continued.]

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Autobiografia (Parte I).

Olá, o meu nome é Ricardo e gostava de vos contar a minha história.
Nasci no hospital da Sé, em Macau, no ano de 1989. Posso dizer que tive uma infância relativamente feliz, apesar de os meus pais se terem divorciado quando eu tinha dois anos de idade. Até aos quatro anos lembro-me de pouca coisa, excepto de como a minha mãe e eu vivíamos felizes da vida num apartamento alugado à titi Ivone na rua Fernão Mendes Pinto, perto dos “Três Candeeiros”. Andei num infantário chinês até aos meus três anos, idade com que entrei para o infantário Dom José da Costa Nunes.
Pouco antes do meu quarto aniversário nasceu o meu irmão Ralfe e o meu padrasto, pai do meu irmão, veio viver connosco. O meu padrasto chama-se Rafael e não é por acaso que trato-o por pai. Criou-me desde miúdo e, visto que eu só estava com o meu pai biológico aos fins-de-semana, nunca vi razão para não reconhecer o Rafael como pai e ser um filho para ele.
Entrei para o 1º Ano da Escola Comercial Pedro Nolasco no ano de 1994 e estudei lá até ao 3º Ano sob a instrução do Professor Paulo. Entretanto, depois de muita confusão nos tribunais, o meu pai conseguiu um acordo do poder paternal mais favorável para ele, o que garantiu que eu estivesse com ele mais tempo e com mais frequência, em vez dos tradicionais fins-de-semana. Foi com o meu pai que visitei Portugal pela primeira vez (consciente de que estava em Portugal, pois já tinha vindo com a minha mãe antes, mas na altura tinha 1 ano e não sabia sequer distinguir sanitas de lavatórios, literalmente) e voltei a Portugal de férias mais 2 vezes antes de vir para cá viver definitivamente.
Em 1998 passei para o 4º Ano e a minha mãe transferiu-me para a Escola Primária e Secundária da Flora. Frequentei esta escola durante pouco tempo, apenas um período lectivo, devido ao facto de nesse ano ter vindo viver para Portugal.
Foi no dia 22 de Dezembro de 1998 que cheguei ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto. Eu, a minha mãe, irmão e padrasto fomos de táxi até uma aldeia chamada Campos, no concelho de Vila Nova de Cerveira. Porquê Campos? Era lá que vivia o meu querido avô Sousa que infelizmente não cheguei a conhecer bem, pois faleceu no Verão de 1999.
Foi na Escola Primária de Campos que me deram a minha primeira alcunha: Chinoca. Nunca gostei dessa alcunha, porque era proferida num tom de desprezo, escárnio e era possuía como objectivo ofender-me. Andei muitas vezes à porrada com os rapazes da turma, aparentemente nenhum gostava de mim e arranjavam sempre desculpa para me vir bater.
Em relação à minha família: A minha mãe nunca mais foi a pessoa alegre e carinhosa que eu conhecia, o meu irmão tornou-se numa criança mimada e o meu padrasto mostrava um desinteresse (aparente) perante as minhas actividades. O meu pai vivia em Lisboa desde o Verão de 1998 e só voltei a vê-lo nas férias de Carnaval de 1999. Devido à distância a que eu vivia do meu pai, passei a vê-lo com menos frequência (férias e ocasionais fins-de-semana).
Setembro de 1999, entrei para o 5ºA do Colégio de Campos. Lá, ganhei a minha segunda alcunha, uma alcunha pela qual ainda sou tratado lá no Norte: China. Desta alcunha eu gostava, tinha-me sido dada por uma rapariga que era simpática comigo, não continha nada de ofensivo e soava bem aos meus ouvidos…


Nota - Alguns factos foram omitidos por razões de privacidade. Podem existir alguns erros na cronologia dos acontecimentos, lacunas na autobiografia e erros de pontuação. Tentarei editar tudo quando tiver acabado a autobiografia no seu todo e depois de consultar pessoas que me confirmem datas, pessoas que me relembrem factos e acontecimento e pessoas que me corrijam o raio da pontuação.


[Não percam o próximo episódio, porque eu estou a ter muito trabalho a escrevê-lo. x)]