segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Formigueiro Oriental.

Correm em todas as direcções
num passo de acelerado consumismo.
Cada qual com um destino em mente
desconhecendo os desvios implicados
no tortuoso percurso do formigueiro.

Enquanto as formigas, na sua ânsia,
percorrem cofusos e escuros caminhos
as aranhas preparam ardilosas ciladas
feitas de luzes e brilhos;
Onde por vontade própria
acabam por ficar presas, as formigas.

A vontade deixa de existir,
à medida que os insectos
perdidos, prosseguem caminho
por intermináveis túneis de
cheiro apetitoso a comida fácil.

Comida que surge do nada,
a troco de níquel ou papel,
cujo sabor é tudo, a ponto de
corromper a saúde e deixar
as formigas inchadas e doentes.

Enfim, farto-me de ver formigas
e passo a ver as pessoas que são.
No meio deste formigueiro Oriental
onde também eu me sento e resisto,
a custo, ao chamamento das ciladas
luzidias e brilhantes das aranhas.

[Fecho o caderno, o mafarrico chegou à estação.]

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Entre suspiros.


Entre suspiros
ouço o roçagar de roupa que
desliza pelos Teus ombros pálidos,
enquanto sussurro algo ao teu ouvido
que arde sem se ver.

Entre suspiros, osculas
os meus lábios carentes de Ti.
As minhas pernas deixam de me obedecer,
o meu coração bate desenfreadamente,
e ouço-te dizer ao meu ouvido:
Palavras de contentamento descontente.

Entre suspiros e sensações
dedico-me a amar-te
no aconchego dos teus braços
e beijos que me queimam a cada contacto.
O teu perfume caracteristico preenche-me
as narinas, enquanto corpos entrelaçados numa dança
de sensualidade imitam o Mar que enrola na Areia.

Entre suspiros, entrego-me a Ti
como nunca me entreguei a ninguém
e tu aceitas-me em Ti.
Entro numa espiral de prazer carnal,
coloco todo o meu carinho e amor
em te fazer sentir o mesmo.
Suspiras e dizes o meu nome,
que mais ninguém diz.
Digo o teu nome.
E sigo o comboio de corda
que se chama coração.


[Toca o despertador, são 7:30.]

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Flashback.




Conjunto de conversas, frases soltas e momentos que me marcaram este último ano:

«-Lembras-te do que o mafarrico te disse acerca de fingirmos que gostamos um do outro e dessa forma disfarçarmos que realmente gostamos um do outro?
- Sim.
- Bem, ele tem razão, pelo menos da minha parte.»

«-Gosto de fazer nada convosco, é sempre agradável.»

«-Boer! Boer! Boer até morrer!»

«-Isto é clorofórmio? Deixa-me cheirar!»

«-Porque ele era fofo.»

«-Posso beber água?
-Não.
-Ah, está bem.
-Estava a ser irónica...
- Errrm, não sou muito bom com ironias...»

«-Tenho medo do que a carta do centro de recolha de sangue possa conter.

- Vai correr tudo bem Ker, não tenhas medo.»

«-Ainda bem que somos gente estranha, se assim não fosse estarmos juntos seria uma seca.»

«-Que queres fazer?
-Jogar às cartas.
-Só se for ao peixinho.
-Está bem.»

«-Não chores, senão começo a chorar também.»

«-Vamos botar-le uns finos

«-Chuvaaaa!»

«-Não peças desculpa!»

«-Dói tanto... Já não sei que fazer.

- Eu sei, Ker. Mas tens de aguentar.»

« -Vocês parecem irmãos!»

«Come up to meet you, tell you i’m sorry, you don’t know how lovely you are. I had to find you, tell you I need you. (...) Questions of science, science and progress, do not speak as loud as my heart.»

«Tried to give you Summer... But i'm Winter. Wish I could make you Spring! But i Fall so hard...»

«-Prometo que farei de tudo para que nunca me odeies.»

«-Tenho uma coisa para te dizer.
-O quê?
-Hmm, admito que para mim o Filipe Faria já não é o melhor escritor do mundo. O meu escritor favorito é o Robert Jordan e em segundo lugar o George Martin.»

«-I love myself

«-Senhora dos Corvos? Acho que és mais uma Senhora das Gralhas...»

«-O Oblivion é meu!»

«-"Pagar pelo nariz".»

«-Trata-me por Ricardo, se quiseres.»

«-Não sou hiperactivo... --'»

«- Tá tudo bem, tá tudo bem, tá tudo bem!»

«-Odeio coisas verdes, excepto esparregado e gelatina verde, entre outras coisas que fazem parte desta lista muito restrita.»

«-Amo-te, pequena.»

«-Também te amo, pequenino.»

Não vou dizer quem disse o quê, quem o disse há-de saber.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Summer.


So you finally fessed up to her;
All the lies you said;
Now you kindly kiss up to her;
But the feeling's dead.

Several days have passed now;
Darker than any damn cloud now;
Liquid sunshine falls down;
Harder than all the damn hounds.

Tried to give you Summer... But i'm Winter.
Wish I could make you Spring! But i Fall so hard...

So you always did what you wanted;
We will be on our own;
I will soon let you go now;
Things will be all right.

Several weeks have passed now;
Grayer than any gray cloud;
Several weeks have passed now;
And its so hard.

Tried to give you Summer... But i'm Winter.
Wish i could make you Spring! But i Fall so hard...



[Amo-te, criança-feiticeira.]

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A importância de ser Allaryiano.


O que é ser Allaryiano? É alguém ler as Crónicas de Allaryia? É pertencer ao Forum Allaryia?

Tenho feito a mim mesmo estas perguntas ultimamente e não tem sido fácil encontrar uma resposta. Perguntei à malta do forum e as respostas foram diversas: «Ser allaryiano é um golpe de sorte e um fenónemo que não se repete.»; «Allaryianos são gajos que se metem no forum com a intenção de participar, conviver, partilhar e não a malta que se regista e não faz um único post.»; «Para mim, ser Allaryiano tem duas vertentes: ser compincha fora do forum com pessoal que está directa ou indirectamente ligado a Allaryia.»; «Para mim, um allaryiano é alguém natural de Allaryia.»; «Uma Allaryiana é mais do que alguém que leu os livros, é alguem que trava conhecimento com outras pessoas e acaba por se tornar amiga delas.»; «Um Allaryiano é alguém que no mínimo leu um livro das Crónicas e na altura gostou.».

Para mim, um Allaryiano é alguém que ama Allaryia, os seus herois, vilões e figurantes. É alguém que dá muito do que tem para que outros amantes de Allaryia tenham um sitio onde se encontrarem, é uma pessoa que procura por outros Allaryianos para partilhar com eles um rámenzinho, umas massas com cogumelos e um lugar na relva de um jardim.

Descobri que a importância de ser Allaryiano não é menor do que a importância de eu ser Ricardo e tu seres quem quer que sejas, nem maior do que eu ser Kerhex e tu seres quem quer que sejas.

Ser Allaryiano é viver Allaryia.



[Feito com a ajuda de Horatubi, Antiki, Bruno/Sturm, Bathrazul, White Wolf, Umbrae e Luthvian]

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Só, mas com os bancos.

Passeio todos os dias pelo jardim dos bancos desconfortáveis.
Bancos que me fazem doer as costas.
Bancos onde me sento a ler, das 16:00 às 19:00.
Bancos onde me sento. Só.
Só, mas com os bancos desconfortáveis.
Bancos com assento e costas de madeira,
mas com pernas de metal!
Dos bancos vejo gente que passa.
Gente que corre e gente que anda, ás vezes gente que coxeia.
Um ou dois passam de bicicleta.
Eu fico a ler. Jordan, Martin ou Zusak.
Leio e olho, mas não vejo.
Não vejo quem passa, olho e vejo passar.
Estou só, mas com os bancos.
Bancos que me fazem sentir só.
Bancos que me relembram que tenho de endireitar as costas.
Bancos que me ouvem suspirar de solidão.
Mas eles fazem-me companhia:
Uma companhia muda, mas é sempre uma companhia!
As horas passam e o desconforto passa com elas.
Dou por mim todo torto, marreco até,
a ouvir alguém a cantar.
Mando uma mensagem a quem canta sem estar lá.
Espero pela resposta. Ela chega e eu leio.
Respondo, outras vezes deixo estar.
Continuo a ler, a ouvir quem canta e na companhia dos bancos.
Estou no jardim.
Só, mas com os bancos.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Saudade.

Saudades. Ultimamente ando cheio de saudades, mais do que o normal, do que deixei no Norte. Saudades da minha mãe, das pequenas discussões com ela, dos repetitivos conselhos dela, da voz dela, do ressonar dela, do tagarelar dela e da forma única com que ela costuma aconchegar-me os lençois e desejar-me boa noite quando vou dormir. Saudades do meu irmão, de jogar PS2 com ele, de lhe mandar bocas cheias de sarcasmos e ironias, de falar com ele, das confidências entre irmãos no quarto antes de irmos dormir, das discussões e lutas de ideias, de tentar jogar à bola com ele, de passear com ele e levá-lo comigo para ir ter com os meus amigos quando ele se chateia com os amigos dele, saudades de o ouvir tocar guitarra, saudades da expressão só dele quando está a tentar escapar ao óbvio. Saudades do coro paroquial, da dona Sila e do seu sorriso sempre terno, da Carolina e da sua gémea Ana mais os seus maus feitios, do André e da sua voz grave que comanda os rapazes na grande batalha que é cantar no raio da missa, do Toni e do seu violino que já conheceu melhores dias xD, do resto do batalhão: os que cantam e os que finjem cantar. Saudades do Tomé e do Chico, das grandes discussões entre os três para saber quem joga melhor Counter Strike (quando nenhum de nós joga aquela porcaria há mais de 4 anos...), das nossas aventuras, do "Jogo da Pinha", das idas ao rio, dos segredos partilhados, dos projectos feitos entre os três, das tardes de Vampire, das idas à caça do pardal (nunca apanhámos nenhum...:-p), das bebedeiras nas festas de S. João, da forma como ambos discutiam entre si, zangavam-se, mas graças à minha pessoa faziam as pazes(sim, concedi-me a mim mesmo um momento de Kerhexiocentrismo) e mais que tudo das alturas em que precisava de alguém e eles estavam lá, nos bons e maus momentos. Saudades constantes da minha pequerrucha, mesmo quando estive com ela há cinco minutos. Saudades da Stéph, do Brolho, do Kunha, do Ximenes, da Vera, do Choupana, do Puto Maluco, do Ruisinho, do Chichu, do Lobito, do Coelho, do Banhura, do Grimório, do Professor Filipe, da Dona Gena, da Dona Silvina, do Sr. Fernando, da Dona Almerinda, da Dona Junja, do Tio Jaime, do primo Arcádio, do Minho, do estrume, das ovelhas, dos galos, dos gatos, do raio dos cães que não se calam, das couves, de roubar laranjas e cerejas nos quintais da freguesia, dos pinheiros e dos eucaliptos, de ensinar os putos a jogar Magic, de botar umas canecas ou uns finos com o Kunha e o Brolho, de ouvir a Stéph a falar seja do que for, dos abraços e dos socos, dos risos e dos choros, dos "olá's" e dos "adeuse's", saudades de tudo. Saudades.


[A todos aqueles de quem tenho saudades. Dos aqui referidos e dos outros, que existem, que eu estimo e de quem sinto falta.]